- Mas João, eu já disse, tinha uma pedra no meio do caminho! O que porra eu poderia fazer?
- Não Mané, tinha uma pedra, e você não perguntou nada a ela? Num deixou ela te ensinar nada? Caralho.
- Ensinar o quê, João? Tá louco? Uma pedra me ensinar?
- Mas João, não adianta forçar, a lição da pedra só é aprendida por quem
consegue falar com ela, feito você. Tem gente, como eu, que, só aprende
pelo ar, pela fé, pela força vital da sensualidade, nem todos podem
aprender co... Continue reading...
Posted by Rafael Lucena on Friday, December 17, 2010
Ao meu pai
Não é numa cadeira de balanço que ele espera, nem na cama apenas. Ele anda e come e dorme apenas, - vida tem um peso, como se um armário daqueles de colocar tralhas estivesse nas suas costas. As mãos e o corpo tremem como se a vida ansiasse sair pelas pontas dos dedos ou nas dobras das pernas. A doença dizia-lhe com palavras evidentes que tinha pressa. Não essa pressa que as pessoas têm quando se dedicam aos seus quefazeres, planos e desejos, não. A pressa que a vida tem é ... Continue reading...
Posted by Rafael Lucena on Monday, December 13, 2010
Choveu muito naquela noite, os pássaros mal vieram me dar boa noite como costumavam fazer em todo entardecer. A casa cheirava a umidade fresca, o cheiro de terra sentia na garganta, será chegada a hora? Onde estarão todos de casa! Na lenha do fogão já não tinha nenhuma brasa, tratei de ir assoprar desejando chama forte, que consegui com custo, chama como esta, não tinha visto , será chegada à hora? Mas a chuva não parava; tudo tinha que esperar a chuva, nada podia parar a chuva agor... Continue reading...
Posted by Rafael Lucena on Monday, October 25, 2010
O desabafo de um desconhecido
O nome dela é Joana, mora na Bahia, mas todos chamam de Jô ou Morena, 27 anos, professora de língua estrangeira; ela recebeu uma carta de uma forma bem diferente, sem remetente, o carteiro não entrou em detalhes e continuou o serviço de entregar cartas pela vizinhança, curiosa Morena abriu o envelope e começou a ler a carta, dizia o seguinte:
“Hoje voltando para casa eu comprei um cigarro no terminal de ônibus, eu sei como é toda a campanha antifumo e o quan... Continue reading...
Posted by Rafael Lucena on Monday, October 4, 2010
Sete horas da manhã. Tomou um gole
de café e acendeu o primeiro cigarro do dia. Precisava de um texto. Um conto,
narrativa de fatos. Precisava viver fatos para escrever um conto. Um texto
qualquer.
32 anos. Jornalista. Solteira.
Em pensar que aos 15, o futuro que
esperava não era esse. Não todo esse. Jornalismo sempre fora uma aspiração. E o
casamento também. Terminou que se dedicou demais. E não viveu nada do que
queria. Lembrou-se de um texto que escreveu, sobre uma mulher ...
Posted by Rafael Lucena on Sunday, September 26, 2010
No dia em que eu completei 13 anos de idade, como de costume, abri meus olhos e fiquei piscando, piscando e piscando centenas de segundos, até encontrar a luz ideal, para enfim reconhecer o mundo que me rodeava. Meu cérebro ia, pouco a pouco, configurando mecanicamente algumas imagens que a princípio somavam-se infantis ou estrangeiras, mas que ao longo do tempo que se estenderam muito rapidamente, metamorfoseando-se como reais. Todos os relógios da casa marcavam oito e trinta, sinto que dormi ... Continue reading...